domingo, 13 de abril de 2008

Lamento olímpico.

A aposta de sete anos atrás não esta sendo correspondida pela China atual. A escolha de um país emergente, nas mais diversas acepções deste termo, para sede dos Jogos Olímpicos poderia ter sido um sucesso. A esperança era de que o espaço de tempo entre a escolha de Pequim e o início das comemorações servisse para o estabelecimento de uma democracia. Desta forma, o surgimento de uma potência econômica e democrática seria comemorado com maior evento esportivo do planeta.

Entretanto, a oportunidade de se mostrar ao mundo como uma nação grandiosa, e não apenas grande, está desmoronando. As demonstrações de truculência e intolerância são cada vez mais freqüentes. Não é permitido discordar das diretrizes. A convivência com as diferenças, tão participativa do ideal olímpico, não é tolerada. Os anéis olímpicos, símbolos da união, transformam-se em grilhões para os oponentes do regime. O lema olímpico “mais rápido, mais alto e mais forte” assume uma distorção peculiar favorecendo apenas os aspectos econômicos.

Seria, então, uma decisão sábia suspender a realização dos Jogos Olímpicos? Difícil responder de uma maneira simples a uma questão tão complexa. As manifestações contra as atitudes do governo chinês podem ser vistas e sentidas, por alguns, no percurso da tocha olímpica. E a cada acontecimento, os sinais de intolerância, vindos de Pequim, são mais enfáticos. Os dirigentes chineses pretendem, ardentemente, mostrar ao mundo o grau de civilização alcançado pelo país. Nenhuma questão menor, seja ética, social ou política contrária, vai desfazer este sonho.

O desejo é de que o mundo aprecie as demonstrações de organização, hospitalidade e competência dos chineses a despeito dos métodos empregados na obtenção de tais resultados. A lógica oriental indica que o sucesso e admiração no campo econômico, no qual os aspectos ideológicos e humanitários foram sobrepujados, poderia ser transposto para o evento esportivo, como estratégia de relações-públicas.

Encerrados os Jogos a China apareceria aos olhos do mundo como um país moderno. E a modernidade sobrepujaria a justiça. Pena que faltou combinar com os oponentes e os tibetanos. E, talvez com o resto do mundo politicamente correto.

4 Comments:

Adriana said...

Deveria ser um momento de paz,mas....

Otávio said...

Aqui também!

Anônimo said...

Eu acho lindo, o caos algumas vezes é necessário para abrir os olhos das pessoas. Com tanta merda acontecendo no mundo as pessoas ainda insistem em fazer de conta que nada acontece.
tem mais é que ter muito protesto mesmo.

Otávio said...

Cobranças pra lá, cobranças pra cá. Daqui a três dias este blog vai fazer aniversário de não postagem. Se você não tem nada sério para publicar aqui posso te emprestar umas Conhecer antigas que tenho. Tem uns artigos bem interessantes.