Caro diário,
eu não sei se a intenção é de me intimidar ou fazer com que a minha voz permaneça calada, mas existem forças ocultas que estão espalhando difamações contra os meus escritos. Tiveram a ousadia de referir o meu texto anterior como calúnia explícita, sem oferecer subsídios para isto. Bem, não vou me preocupar com estas pequenas coisas. Já dizia o famoso filósofo Ibrahim Sued – os cães ladram e a caravana passa. Hoje quero registrar um fato deveras intrigante, trata-se mesmo de um mistério. Como alguém consegue vestir uma meia elástica? Vocês já devem ter deduzido, mas cabe ressaltar que a intrigante questão surgiu porque a amiga grávida, para evitar inchaços e dores nas pernas, teve a indicação médica de usar um objeto de tortura medieval, disfarçadamente camuflado de cuidado gestacional com a dilatação venosa de extremidades.
Não vou discorrer sobre os benefícios do referido instrumento senão narrar o transtorno causado à gestante. Para início de conversa, o objeto em questão foi vendido sem um suporte técnico à colocação, representado pelo oferecimento de, no mínimo, dois auxiliares para calçar as meias. De preferência com especialização na arte de preparar alimentos embutidos. Sim, nada mais parecido com o ato de vestir uma meia elástica do que o enchimento de uma lingüiça. É indispensável que todas aquelas carnes entrem naquele mísero invólucro. Imaginem tentar espremer as pernas para dentro da meia, sozinha. Nem pensar.
Por isso, a amiga teve de apelar ao querido esposo para ajudá-la com os trâmites. O que fez com que ele tivesse de ceder 45 minutos de sono para, ao som da Xuxa, empreender a tarefa do estica e puxa. E começou o primeiro round – meia elástica contra o casal 20 : até a batata da perna foi fácil. Passado este anteparo anatômico ele olhou a quantidade de pano disponível para o resto da empreitada e afirmou categoricamente, nem a pau Juvenal. Ela, porém insistiu, vai bem só mais um pouco. Sugeriu que ele se posicionasse por cima do tronco, na lateral esquerda da cabeça e que de um golpe só puxasse com toda a força. A meia nem bola, mas em compensação a hérnia inguinal dele deu sinais de vida, na hora. Por pouco não selaram ali mesmo o destino da filha única. Ele apelou para os conhecimentos de física e afirmou que pelo princípio de dilatação dos corpos é esperado que aquela coisa elástica se dilate o suficiente, quando colocada em um objeto maior que a circunferência da perna dela.
Nesta hora todo o cuidado é pouco na escolha do objeto. Se for pouco volumoso não vai adiantar de nada e se for muito volumoso pode causar uma impressão desagradável e comprometedora na esposa, que já está deprimida por não conseguir vestir uma simples meia elástica. Eureka, por que eles não pensaram antes, a solução estava bem diante deles. Eles colocariam aquele troço bem esticado, entre duas poltronas, e ela pularia dentro. Em menos de cinco segundos ela estava com a meia. Apesar da sensação de ter caído no espremedor de batatas, ela estava pronta para mais um dia de trabalho. Completou as tarefas matinais e já se preparava para sair quando sentiu uma sensação conhecida na bexiga. Não, não era possível.
A descrição dos eventos seguintes é impublicável. Quem passa pela rua deles deve estranhar aquele objeto, parecido com uma meia elástica, pendurado como um tênis de adolescente no fio de eletricidade.
eu não sei se a intenção é de me intimidar ou fazer com que a minha voz permaneça calada, mas existem forças ocultas que estão espalhando difamações contra os meus escritos. Tiveram a ousadia de referir o meu texto anterior como calúnia explícita, sem oferecer subsídios para isto. Bem, não vou me preocupar com estas pequenas coisas. Já dizia o famoso filósofo Ibrahim Sued – os cães ladram e a caravana passa. Hoje quero registrar um fato deveras intrigante, trata-se mesmo de um mistério. Como alguém consegue vestir uma meia elástica? Vocês já devem ter deduzido, mas cabe ressaltar que a intrigante questão surgiu porque a amiga grávida, para evitar inchaços e dores nas pernas, teve a indicação médica de usar um objeto de tortura medieval, disfarçadamente camuflado de cuidado gestacional com a dilatação venosa de extremidades.
Não vou discorrer sobre os benefícios do referido instrumento senão narrar o transtorno causado à gestante. Para início de conversa, o objeto em questão foi vendido sem um suporte técnico à colocação, representado pelo oferecimento de, no mínimo, dois auxiliares para calçar as meias. De preferência com especialização na arte de preparar alimentos embutidos. Sim, nada mais parecido com o ato de vestir uma meia elástica do que o enchimento de uma lingüiça. É indispensável que todas aquelas carnes entrem naquele mísero invólucro. Imaginem tentar espremer as pernas para dentro da meia, sozinha. Nem pensar.
Por isso, a amiga teve de apelar ao querido esposo para ajudá-la com os trâmites. O que fez com que ele tivesse de ceder 45 minutos de sono para, ao som da Xuxa, empreender a tarefa do estica e puxa. E começou o primeiro round – meia elástica contra o casal 20 : até a batata da perna foi fácil. Passado este anteparo anatômico ele olhou a quantidade de pano disponível para o resto da empreitada e afirmou categoricamente, nem a pau Juvenal. Ela, porém insistiu, vai bem só mais um pouco. Sugeriu que ele se posicionasse por cima do tronco, na lateral esquerda da cabeça e que de um golpe só puxasse com toda a força. A meia nem bola, mas em compensação a hérnia inguinal dele deu sinais de vida, na hora. Por pouco não selaram ali mesmo o destino da filha única. Ele apelou para os conhecimentos de física e afirmou que pelo princípio de dilatação dos corpos é esperado que aquela coisa elástica se dilate o suficiente, quando colocada em um objeto maior que a circunferência da perna dela.
Nesta hora todo o cuidado é pouco na escolha do objeto. Se for pouco volumoso não vai adiantar de nada e se for muito volumoso pode causar uma impressão desagradável e comprometedora na esposa, que já está deprimida por não conseguir vestir uma simples meia elástica. Eureka, por que eles não pensaram antes, a solução estava bem diante deles. Eles colocariam aquele troço bem esticado, entre duas poltronas, e ela pularia dentro. Em menos de cinco segundos ela estava com a meia. Apesar da sensação de ter caído no espremedor de batatas, ela estava pronta para mais um dia de trabalho. Completou as tarefas matinais e já se preparava para sair quando sentiu uma sensação conhecida na bexiga. Não, não era possível.
A descrição dos eventos seguintes é impublicável. Quem passa pela rua deles deve estranhar aquele objeto, parecido com uma meia elástica, pendurado como um tênis de adolescente no fio de eletricidade.