terça-feira, 11 de março de 2008

Mais uma dele.

Os sistemas democráticos têm um dos seus pilares na independência dos poderes. Ao exercerem funções diferenciadas, o Executivo, Legislativo e Judiciário estão sujeitos a um controle funcional independente e que deveria ser isento de influência técnica ou política de um poder sobre outro. O aprimoramento da Democracia contribui para o estabelecimento e manutenção deste conceito, o qual retribui para o fortalecimento dos princípios democráticos. Desta forma completa-se o ciclo virtuoso republicano.

Muito bonito no papel. Na vida real existem questões em que as opiniões sobre atribuições ou atividades exercidas por um dos poderes é motivo de ingerências dos outros. Nada comprometedor, dependendo das circunstâncias em que esta ingerência se processa. E das conseqüências destes atos.

Recentemente a sociedade brasileira foi brindada com uma querela entre o mandatário do Executivo e o representante de uma das Cortes Supremas da Nação. Independente das razões que motivaram a troca de acusações houve a oportunidade para o Executivo, na figura do Presidente, ratificar os conceitos de independência dos poderes, com uma declaração popularesca, muito ao gosto do ocupante do cargo - "seria tão bom se o Poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele, o Legislativo apenas nas coisas dele, e o Executivo nas coisas dele".

Frase lapidar que deveria valer para todos os ocupantes de poder. Menos para os ungidos. E quando as coisas dele dependerem das coisas dos outros? Neste caso é possível meter o nariz e criar situações de pressão para conseguir os resultados desejados? É permitido incitar a opinião pública em programas radiofônicos com afirmativas do quilate de - "Não é o governo que precisa do orçamento. O governo apenas gerencia. Quem precisa do orçamento é o povo brasileiro"? É salutar declarar que não acredita que apenas ele queira trabalhar pela aprovação do orçamento de 2008?

Para mim, estas demonstrações, além de serem contraditórias com compromisso firmado anteriormente, não combinam com uma pessoa que almeja ser lembrada como um líder. Trata-se de um caso típico e antiquado de chefite. Apenas os chefes esperneiam quando são contrariados. Seja porque criticaram o programa Territórios da Cidadania ou porque atrasam a votação do Orçamento do povo brasileiro. A contrariedade é inadmissível, para eles.

Como a política é arte de conciliar os contrários, acho que a figura em questão perdeu o tino ou se mostra um pouco deslocada, na função.

4 Comments:

Otávio said...

Quando é que termina isto mesmo, 2010, não é? Não vejo a hora de ver a decida da rampa do Planalto.

Adriana said...

Otávio está muito inspirado!Descer o planalto,sim,ou quem sabe o planalto descer sobre ele?

roberto bezzerra said...

Não adianta.
Não gosto nem do "video" nem do "audio" deste senhor de Garanhuns.

Fátima said...

Amigo,

Vim agradecer as tuas palavras lá no meu cantigo.
Parabéns pelo teu desafio!

:-) um abraço